Dois meses, duas conquistas | Two months, two achievements

Monday, October 24, 2016


Se há coisa que eu tenho aprendido com o tempo é que, muitas vezes, fazemos as coisas que os outros querem que nós façamos. Os outros acham que é certo nós estudarmos e irmos para a universidade, e nós estudamos e vamos. Os outros acham que devemos procurar um bom trabalho na nossa área e que trabalhar numa loja é uma coisa menor para quem tem um curso, e nós esfolamo-nos até conseguir aquele emprego, visitamos lojas e pensamos ‘isto até parece giro, mas eu não posso trabalhar aqui’. Os outros acham... e nós, muitas vezes levados nessa carruagem porque sempre foi assim que vivemos, nem nos damos conta da pressão a que somos sujeitos. É muitas vezes esta pressão e o facto de esperarem sempre que tenhamos sucesso e que sejamos o mais próximo do perfeito possível que nos leva a estados de ansiedade, de pânico, de depressão, de esgotamento nervoso, em idades cada vez mais precoces. 
Em que mundo é que vivemos?
Foi muito para me livrar de todas estas amarras que decidi sair de Portugal, à procura de uma vida melhor. E sim, o óbvio seria eu chegar à Austrália, arranjar um emprego estável na minha área que ficasse bem no CV, ganhar um bom dinheiro e daqui a uns anos regressar a Portugal de bolsos cheios. Mas querem saber? Não foi nada disto que aconteceu. 
Passaram exatamente 2 meses e 13 dias desde que aterrei na Austrália e a minha vida tem sido muito pouco parecida à que vivia em Portugal. Trabalho na minha área? Tenho procurado, mas ainda não arranjei. O facto de não ser de língua materna inglesa não ajuda quem é de comunicação. Se me vou matar por isso? Nem pensar. Há duas grandes conquistas que posso já assinalar nestes 2 meses e 13 dias de vida na Austrália. Coisas que podem significar muito pouco para o comum dos mortais, mas que a mim, me têm feito feliz. E não é isso que importa, andarmos felizes?
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If there is something that I’ve been learning with time is that, sometimes, we do things others want us to do. Others think that the right thing for us to do is to study a lot and go to university, and we do. Other think that the right thing for us to do is to find a good job in our professional area and that working on a store is not good for someone who has a degree, and we kill ourselves until we get the perfect job, we visit stores and we think ‘this looks fund but I can’t work here’. Others think… and most of the time we let ourselves go in that carriage because, you know, it has always been like this, and we don’t even notice the pressure we are exposed to. Many times, this pressure and the fact that others are always expecting nothing less than success from us, takes us to dark places, anxiety states, panic, depression, nervous breakdown, in early ages. 
In what kind of world are we living in?
I decided to get away from Portugal to get free of all those moorings, looking for a better life. And yes, the obvious would be that I get in Australia, find a nice job that looks nice on my resume, earn good money and in a few years get back to Portugal with my pockets full. But, do you know what? This didn’t happen.
It has been two months and 13 days since I got in Australia and my life has been nothing like it was in Portugal. A job in my area? I’ve been looking but I have not find it yet. The fact that I am not from a English native language country make everything harder for communication people. If I am going to kill myself because of that? No. There are two big achievements that I can point out of these 2 months and 13 days living in Australia. Things that can mean a little for the common mortals, but that makes me happy. And isn’t it what matters after all, being happy?

1. O blogue! | Blog!

Ao longo dos meus 24 anos de vida já tinha criado meia dúzia de blogues que nunca foram além dos dois meses de vida. Tinha uma vergonha imensa de partilhar com os outros aquilo que eu escrevia. Vir viver para a Austrália foi o motivo que eu precisava para abrir uma coisa como deve ser. Tinha o motivo, tinha o tema, tinha a razão, era só preciso perder a vergonha, dedicar-me e arriscar que as pessoas amassem ou odiassem aquilo que eu tenho feito. Pedi ajuda à M para montar a coisa, fazer um logo, criar a estrutura do blogue. E que preciosa ajuda. O J é o grande pilar da coisa. Não deixa de ler, não deixa desistir, anda atrás de mim para me ajudar na parte da imagem, dá ideias... incansável. A vergonha de partilhar o que escrevo foi-se dissipando e de escrever 2 ou 3 vezes por semana, tenho conseguido conversar com vocês quase todos os dias. Este blogue é hoje tão importante para mim como um trabalho. Permite-me conversar e partilhar com o mundo, deixa-me ser criativa, ocupa-me tempo, dá-me dores de cabeça e uma alegria imensa sempre que faço uma nova partilha! E nisto já lá vão quase 3 meses de Love, C. e 55 mil visitas que podem ser poucas ao lado de grandes blogues perfeitamente estabelecidos no mercado, mas que são, para mim, um universo. Obrigada (não me canso de agradecer)!
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During my 24 years of life I had half a dozen blogs that never lived for more than two months. I was shy of sharing what I wrote with others. Coming to Australia was the motive I needed to open a true blog. I had the motive, I had the subject, I had the reason, I only needed to lose all the shy, dedicate myself and risk having lovers or hatters. I asked M to help me settle all the technique work, create a logo, a blog structure. What a precious help. J is the big cornerstone. He never stops reading, he doesn’t let me quit, helps me with image issues, gives ideas… all the shame of sharing what I write went away and instead of writing two times a week, I and now talking to you almost every day. This blog is as important for me as a job. It allows me to talk to the world, to be creative, it occupies my time, gives me headaches and such a joy every time I share a new content. Times flyes and this blog already has 3 months, 55 thousand views that can be few compared to other successful blogs, but for me this is a universe. Thank you (can’t get enough of this).

2. Atividade Física | Physical activity


Ora aqui está a grande e principal mudança na minha vida. Há 3 meses atrás eu era a pessoa menos ativa que eu conhecia. Era menos ativa que a minha mãezinha que ultrapassou os 50 anos e que, com as suas caminhadas diárias, conseguia mexer-se mais que a própria filha (orgulho, mami!). Eu sabia, sabia que tinha de começar a mexer o rabo, caso contrário, no futuro, a coisa ia complicar-se em termos de saúde. 
Em Portugal, de vez em quando, dava umas corridas, treinava com o J, mas não conseguia treinar regularmente por mais de um mês. Desmotivava, arranjava coisas mais interessantes durante o tempo em que podia estar a mexer-me, arranjava desculpas... 
Chegada à Austrália, decidi que tinha a oportunidade perfeita para mudar o chip. Assim que consegui juntar os primeiros trocos para comprar uns ténis comecei a mexer-me, a arrastar o J até ao parque para me pôr a treinar e a correr. Há dois meses não conseguia correr mais de 7-10 minutos. Contar km nem valia a pena nesta altura. Terminava em esforço total, sem ar e com as pernas dormentes. Insisti, corri 10 minutos 3 vezes por semana até passar para os 10 minutos de corrida, 5 de caminhada e mais 10 de corrida. Semanas mais tarde juntei-os e corri pela primeira vez 20 minutos. Não imaginam a sensação de alegria! Decidi aqui que já podia começar a contar os km em vez de contar os minutos. Hoje, consegui correr pela segunda vez 5 km em pouco mais de 31 minutos. Terminei estes 5 km com a sensação que estes 5 km seriam os primeiros de muitos, os primeiros de 10, de 20... 
Correr tem sido muito mais do que pôr o corpo a mexer, do que ver os músculos a ganhar forma. Correr tem sido uma batalha psicológica contra mim própria, tem sido o ultrapassar das minhas barreiras, controlar a minha respiração com tendência para ser ansiosa, tem sido a prova de que eu sou capaz de fazer comigo aquilo que eu quiser. 

Há uns dias falava com as minhas amigas por videochamada (aiiii o meu coração, que saudades gigantes!) e uma delas, no seu sarcasmo que eu adoro, brincava: ‘ah e tal, fui para a Austrália e tenho uma vida nova, toda saudável e toda positiva, ai, ui’. O que eu me ri com isto. Tenho a perfeita noção que muitas das coisas que eu digo são tão cliché, que parecem saídas de um vídeo do Gustavo Santos (de quem eu não sou fã). Mas a verdade é que a Austrália tem sido para mim um ponto de viragem imenso e eu sinto que as coisas que ainda não conquistei, vou conquistar, com tempo e paciência!
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So, here is the big change in my life. Three months ago I was the less active person I know. I was less active than my mum that has already exceeded the 50’s but, with her daily walkings, moved more than me (proud proud). I knew, I knew I had to start moving my ass, otherwise, in the future, things would get bad. 
In Portugal, sometimes, I had some running time, worked out sometimes with J, but never managed to workout for more than a month. I always ended up by losing motivation, found something more interesting to do, found excuses. 
In Australia, I decided that I had the perfect chance to change my life. As soon as I gathered some money and bought my first sneakers, I started working out with J and started to run. Two month ago I couldn’t run for more than 7-10 minutes. I didn’t even count km. I always ended up dead, without any air to breathe, with sleeper legs. I insisted ran 10 minutes three times a week until being able to run for 10 minutes running, 5 minutes walking and more 10 minutes running. Weeks later, I managed to run for 20 minutes without stopping. You can’t imagine how happy I was. By this time I decided to start counting km instead of counting time. Today, I ran for the second time for 5 km in a little more than 31 minutes. Ended up this 5 km thinking that these 5 km will be the first of many. 
Running has been more that putting my body into work, watching muscles gaining form. It has been a psychological battle against myself, it has been overcoming barriers, controlling my anxious breathing, the proof that I can do with myself exactly what I want to do. 

A few days ago, I was talking to my girlfriends by video call (ooh my heart, how I miss them!) and one of them, with her usual sarcasm that I love, was joking: ‘ooohhh I went living in Australia and have a new life now, healthy and positive, uuuhh’. I laughed so much. I have perfect notion that many of the things that I say sound like a cliché. But the truth is that Australia has been to me a turning point and I feel that everything I haven’t achieved yet, I will in time, with patience.

love,
C.

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