Estes são os posts com mais sucesso aqui no estaminé. Consigo bem perceber porquê. Afinal de contas este país não para de surpreender e há sempre – sempre mesmo – qualquer coisa que, ao longo do tempo me fui esquecendo de vos mostrar ou qualquer coisa nova a acontecer que me deixa de boca aberta.

Vamos passar mas é ao suminho da coisa. Vou contar-vos TANANANAN *imaginar o som dos tambores* cinco coisas absolutamente espetaculares que acontecem na Austrália e que são extremamente catitas. (Vá, sintam a minha cena e imaginem este parágrafo a ser lido com voz de Jorge Malato e uma musiquinha toda catita)

1. Ter, não um, não dois, não três, mas sim quatro feriados na altura da Páscoa.

É isso mesmo. Ser feriado na sexta-feira e no Domingo de Páscoa não chega para o povo desta ilha. É feriado também no Sábado e na Segunda-feira. Já agora (esta é de borla: aqui também é feriado no dia 25 de Abril. É o Anzac Day.)

2. Ter uma semana de férias ‘oferecida’ entre o Natal e a Passagem de Ano. 

Quão perfeito é isto? A maior parte dos serviços, os escritórios e mais umas quantas coisas fecham a porta durante esta semana para que o pessoal possa aproveitar a época como deve ser. Muito confusa com esta situação, perguntei umas 500 vezes a várias pessoas como é que a coisa se dava lá no escritório. ‘Então, não trabalhas, não vens cá de 22 de dezembro a 2 de janeiro’. Eu: ‘mas descontam nas nossas férias, certo?’. Eles: ‘não, é uma semana oferecida´. Eu: ‘hm ahm uuhhhmmm mmm eeerrrmm aaahhmmm ok’. Nos sítios onde esta pausa não é oficial, é normal que assim 80% das pessoas tire este período de férias e arraste seu belo corpo para o sol numa praia qualquer. 

3. Encontrar protetor solar em todo o lado. 

Ah e tal a pessoa vai à praia e esqueceu-se do protetor. Volta para trás, percorre aquele penoso caminho de 300 metros, ou vai só ali ao café mais próximo pôr? Não, não me enganei a escrever. No geral, as lojas, os cafés, os bares têm um frasco grandalhão de protetor solar num sítio bem visível para uso do freguês... de graça. Neste caso, este estava mesmo ali ao pé dos talheres e dos guardanapos. 

(Neste caso, esta embalagem de protetor solar estava numa 'coffee shop' à beira da praia aqui ao pé de casa.)

4. Pagar bem e esperar muito por qualquer encomenda que venha do estrangeiro.

Porque a Austrália é uma porra de uma ilha na ponta do mundo onde tudo demora a chegar e se torna caro para xuxu. O mesmo acontece se quisermos enviar qualquer coisa para fora. 

5. Não se vende álcool no supermercado.

Esta é tão, mas tão básica que não sei como nunca me lembrei de partilhar com vocês. Verdade, não há cá aquela coisa de trazer os ovos e uma garrafa de vinho do mesmo sítio, onde vamos com as criancinhas no nosso dia-a-dia. Para comprar álcool na Austrália precisamos de ir a lojas específicas, as ´liquor shops´. No geral, ao pé dos supermercados há uma destas lojas, o que simplifica a tarefa. Dificilmente saio de lá sem me pedirem identificação na caixa... 

Despachem lá estas cinco curiosidades porque assim de repente já tenho aqui outras cinco a palpitar. 

love,

C.

É sempre muito confuso para mim explicar e para os outros perceberem como é que a minha vida profissional se tem desenvolvido aqui na Austrália. 

A verdade é que desde que cheguei, nunca consegui arranjar trabalho na área da Comunicação – a minha área de formação. Julgo que seja porque, nesta área, é importante estarmos 5000% à vontade com a língua com que estamos a trabalhar, o que, assim de repente, me faz todo o sentido. Não consigo conceber a ideia de, em Portugal, abrir um jornal e ver erros ortográficos. Ou de, em ambiente de redação, um editor ter o trabalho de os corrigir. Falo bem inglês, há anos, mas é sempre diferente falarmos, escrevermos e percebermos bem uma segunda língua ou estar no seio da nossa língua materna. Há sempre qualquer coisa que nos escapa. Não que eu tivesse muita esperança de vir a encontrar trabalho na minha área, honestamente. E, honestamente, isso não me causava aflição. Chamem-lhe a inconsciência dos 20 e poucos, mas tinha vontade de vir e aprender outras coisas. 

Tive seis trabalhos diferentes desde que cheguei à Austrália. Vários deles ao mesmo tempo. Neste momento mantenho dois desses. Em Junho do ano passado, comecei a trabalhar num novo projeto de investigação da Universidade de Wollongong, com um novo investigador, num registo casual, algumas horas por semana. Estava, ao mesmo tempo, a trabalhar numa loja de roupa em Sydney, a cerca de 1:30h de comboio de casa. Em Outubro, quando cheguei da nossa visita a Portugal, assinei contrato com a Universidade de Wollongong por quatro dias por semana. Ir para Sydney estava a tornar-se cada vez mais complicado e resolvi tentar procurar outra loja para trabalhar mais perto, com o objetivo de arranjar uma ocupação para mais dois dias e assim ficar com uma semana ´compostinha´. Arranjei trabalho casual na H&M de Wollongong, um trabalho que coordeno com a Universidade. Consigo assim manter-me ocupada cerca de seis dias por semana, entre 40 e 50 horas. 

E o quê que eu estou a fazer, afinal?

Assistente de investigação na Universidade de Wollongong. Em traços gerais, analiso fotografias à microvasculatura da retina (não se deixem assustar pelo nome) que fazem parte dos mais variados estudos científicos. Uso um software especifico para o fazer, para o qual fui treinada em Singapura. 

Na H&M, faço o que já imaginam. 

Duas coisas completamente diferentes e só por isso consigo manter as duas. Porque de uma para a outra, mudo completamente o que estou a fazer e torna-se menos aborrecido ou cansativo. 

Agora, o que é isto do trabalho casual? Em Portugal temos o trabalho a tempo inteiro e o trabalho part-time. Aqui há ambos e há também o casual que, basicamente, é um registo de emprego em que a entidade empregadora não é obrigada a dar-nos um mínimo de horas por semana e nós não somos obrigados a fazer todos os turnos que nos são dados. Claro está que somos pagos à hora, em diferentes 'rates' dependendo se é dia de semana, sábado, domingo ou feriado.

Para quem está em Portugal e pensa, um dia, vir para a Austrália (tenho-me apercebido que nesta situação está muito mais gente do que eu imaginava): há sempre trabalho por aqui. Eu não vim para cá com uma proposta super aliciante à minha espera. Fui-me mexendo, perdendo a vergonha e arranjando. A estabilidade de um contrato e dinheiro certo chegou naturalmente, com o tempo. Não é sempre fácil até porque a luta requer muita, mesmo muita persistência. Mas tudo acaba por se orientar.

Foi nesta roleta russa de trabalhos, de adaptações e de novas rotinas que me afastei do blogue. Porque precisava de dedicar energias a gerar raízes nos novos locais onde me estava a instalar. Instalada que estou, aqui me têm.

love,

C.

Não é novidade que por aqui gostamos de ter uma rotina recheada de hábitos saudáveis. Um chatice, eu sei, porque blá blá vamos todos falecer um dia – já não há pachorra para este discurso. Cada um dedica-se e entrega o seu corpinho ao que quer. Claro, claro que também há espaço para os hambúrgueres, as pizzas, as massas, os molhos tailandeses, indianos, nepaleses desta vida. Mas no geral, a coisa mantém-se saudável. 

A cozinha é um dos meus espaços criativos. Geralmente não sigo receitas, não controlo porções e faço tudo a olho. Dito isto, claro que há coisas que saem do forno ou do fogão e que dão mesmo vontade de mandar diretamente para o lixo. Não vão, porque felizmente comemos qualquer coisinha que nos apareça à frente e não somos pessoas de desperdiçar. 

Há alguns meses arrisquei fazer barras para comer como snacks. Correu bem. Repeti. Fui alterando ingredientes e sabores e a coisa tem-se dado. As últimas barras que fiz, no dia 2 de Abril, duraram até à semana passada no congelador. Ficaram super, super docinhas. Curiosamente, as melhores que já fiz. Foram-me pedindo a receita e eu fui adiando dá-la porque, honestamente, não tinha. Hoje, finalmente, dediquei-me a pensar sobre as barras e fiz um esboço da receita que fiz que podem não ser exatamente as medidas que usei, atenção, mas são as mais aproximadas. Fica a promessa de que vou fazer muito em breve novas barras e que vou ter o cuidado de pesar tudo o que lá vou pôr para que possa partilhar uma receita como deve ser. 

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Barras de maçã e côco

2 colheres de sopa de farinha de côco

2 scoops de proteína whey de baunilha (pode ser substituída por proteína vegetal)

2 colheres de sopa de côco ralado

2 colheres de sopa de aveia

4 colheres de sopa de chia

4 colheres de sopa de linhaça

2 colher de sopa de sementes de abóbora

1 colher de sopa de sementes de girassol

Uma mão cheia de amêndoas e nozes levemente esmagadas

1 colher de sopa de mel 

1 colher de sopa de óleo de côco

4 ovos

2 maçãs partidas aos pedacinhos

8 tâmaras picadas

1 colher de sobremesa de extrato de baunilha

1 colher de chá de fermento em pó

Canela

Um bocadinho de bebida vegetal (usei leite de côco)

Misturar tudo super bem (eu misturo tudo com as mãos, shame on me), até ter uma massa grossa, que se torne difícil de espalhar, mas que ao mesmo tempo está ‘empapada’. Por isso mesmo, o leite é a olho. Acrescenta-se o que for necessário, se for necessário. Espalho a massa num tabuleiro retangular protegido com papel vegetal. 15 minutos no forno até ficar douradinho por cima. Tirar, deixar arrefecer e cortar. 

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Honestamente, eu faço as barras com o que tiver em casa, com o que me estiver a apetecer usar. Recriar estas barras implica, claro, mandarem-me uma mensagenzinha a dizer como correu. Bons cozinhados, meus seres comedores. 

love, 

C.