Despedi-me. Na verdade não é a primeira vez que o faço, esta foi a segunda fez na minha vida que escrevi uma carta de demissão. Mas desta vez despedir-me teve um sabor diferente. Despedi-me sem ter um trabalho em vista, sem ter um novo projeto, pelo menos que fosse certo, a começar dali a duas semanas, como é hábito. Despedi-me para abraçar o incerto: uma partida para a Austrália para a qual ainda nem os vistos tinha prontos. Tinha apenas a certeza que a viagem aconteceria, fosse nas datas programadas ou não. 

Dizer adeus a um trabalho por opção é uma das sensações mais libertadoras que até hoje conheci. Sentes-te senhora e dona do teu nariz e do teu futuro, forte o suficiente para contrariar as razões que levam as pessoas a estabilizar e não mudar. É um raio de uma sensação que toda a gente devia sentir de vez em quando. 

A pior parte de sair de um trabalho são as despedidas. Sim, tenho pena por deixar as pessoas e tenho a certeza que as pessoas têm pena por terem a minha cadeira vazia, mas sim, também tenho a certeza que daqui a um mês tudo estará ultrapassado. A minha vontade nestas situações é sempre sair de fininho sem que ninguém dê por mim. Ao abandonar o edifício pela última vez, tenho vontade de trazer comigo para fora da bolha uma pessoa que por lá ficou com uma enorme vontade de desbravar mundo. A seu tempo irá fazê-lo.

Sentada no carro, com o edifício nas minhas costas e pronta a sair dali, só pensava: “O que raio vou fazer na segunda-feira?”. Afinal de contas não havia ainda vistos prontos e, por isso, havia muito pouca coisa a tratar. Quis o destino que a coisa mudasse e os vistos se aprontassem a tempo e a horas de tratar de tudo para esta viagem. Na terça-feira, dia 19 de julho, às 9h25 da manhã, duas semanas após ter submetido os últimos documentos do pedido do visto, aí estavam eles na inbox do e-mail. E nós prontos por pôr a vida a andar. Dois dias depois as viagens estavam compradas e a agenda programada para as três semanas seguintes. A primeira semana de desemprego acabou por passar a correr. Está aí a grande aventura das nossas vidas! 

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I resigned. In fact, it is not the first time that I do it, this was the second time in my life that I wrote a letter of resignation. But this time quitting had a different flavour. I quitted without having a new job in view, without having a new project, at least that was sure to get from there to two weeks, as normal. I quitted to embrace the unknown: a departure to Australia for which even the visas weren’t ready. I was only sure that this trip would happen, even if it wasn’t in the programmed dates. 

Saying goodbye to a job by option is one of the more liberating sensations that I met until today. You feel like the lady of your own nose and your future, strong enough to counter the reasons that lead people to stabilize and not change. It is a ray of a feelings that everyone should feel once in a while.

The worst part of leaving a job are the farewells. Yes, I am sorry for leaving people and I am sure that people have pity because they have my empty chair, but yes, I am sure that in a month everything will be over. My will in these situations is always leaving thin, without anyone noticing. When leaving the building for the last time, I wanted to bring out of the blister a person who was there with a huge desire to explore the world. At its time she will do it.

Sitting in the car, with the building on my back and ready to get out of there, I just thought: "What the hell will I do on Monday?". After all, the visas weren’t ready and, therefore, there was very little thing to deal with. Fortunately, destiny took care of everything and got visas ready in time. On Tuesday, July 19, at 9h25 in the morning, two weeks after submitting the last documents of the application of the visa, there they were in the inbox of our email. And we were ready to go on with our lives. Two days later, the voyages were bought and the agenda planned for the three weeks following. The first week of unemployment ended up running. This is the greatest adventure of our lives!