“E as saudades da família, dos amigos, como vai ser?”, perguntam-me. “Não penso nisso por agora”, respondo, confiante. 

Aprendi esta resposta com a minha mãe. Houve um dia em que falávamos ao telemóvel sobre a minha partida para a Austrália. Questões práticas, sobre burocracias e afins. Durante um segundo passou-me pela cabeça que nunca tinha perguntado à minha mãe, ou até ao meu pai, se saberiam lidar com a distância e com as saudades e a pergunta saltou-me da boca: “Como é que vai ser mãe? É muito longe... Como é que tu estás?”. E a minha mãe respondeu-me calmamente, com aquela naturalidade que só quem com ela lida, conhece: “Não penso nisso, não vale a pena. E não penses tu também. Depois logo se vê”. 

A verdade é que, quando um desafio destes se atravessa nas nossas vidas, as razões para ficar são sempre mais que muitas. No meu caso, a razão mais forte que me poderia levar a ficar eram mesmo as saudades. 

Quem me conhece sabe que sou muito ligada à família. Sair de Vila Real para Lisboa foi um passo de gigante. Agora, de Lisboa para a Austrália espero que a coisa vá pelo mesmo caminho. Ajuda, ajuda muito mesmo, ter para esta decisão, o apoio e a ajuda de toda a família, quer da minha parte, quer da parte do J. Os nossos pais foram os primeiros a dar-nos o pontapé no rabo, como eu costumo dizer, e apoiar a nossa aventura. 

Estamos agora na fase “não pensar nisso”. Sempre que dou esta resposta a alguém, o que me retribuem é um “poooois” prolongado, de quem está a pensar sobre o assunto. A verdade é que não é nada fácil pensar em deixar por cá a minha afilhada que faz dois aninhos em setembro e que sempre que me vê grita “maaííí”. Também não é fácil pensar que vou deixar de dar na cabeça do meu mais novo enquanto tento levá-lo pelo caminho que me parece mais certo (irmão, leia-se) ou de ouvir e apoiar a minha mais velha (a minha irmã). E claro que também não é fácil deixar todas as outras pessoas, as pessoas que são sangue do nosso sangue. Aquelas com quem partilhamos a eterna ligação de amor. 

Acredito com todas as minhas forças que se vai haver coisa que me vai fazer querer voltar atrás nos dias mais cinzentos, serão certamente as saudades. Afinal de contas, como é que se vive sem família e sem amigos à volta? Com coragem. Com fé. Com coragem e vontade de encontrar novos amigos (que não substituem mas sim acrescentam) e novas pessoas que me farão sentir como família. Com fé que os meus que ficam em Portugal continuarão a amar-me incondicionalmente em todas as minhas escolhas e os meus passos. 

Afinal de contas, tudo é aprendizagem e como alguém me dizia hoje, se correr mal, o que é certo é que vais crescer muito, vais aprender muito.

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"What about family, friends, how it will be?", they ask me. "I don't think of it by now," I reply, confident. I learned this answer with my mother. There was a day when we talked on the phone about my departure to Australia. Practical issues about bureaucracy and the like.

For a second a thought occurred that I had never asked my mother, or even my father, if they know how to deal with the distance and with the nostalgia and the question jumped me from my mouth: "How is it going to be mom? It is very far away... How are you feeling?” And my mother told me quietly, with the naturalness that only those who deal with her, knows: "I don't think of it, it is not worth it. And you do not think about it to. Then well see how it goes".

The truth is that, when a challenge like this crosses in our lives, the reasons for staying are always more than many. In my case, the strongest reason that could lead me to stay here would be the nostalgia. Anyone who knows me knows that I am very connected to the family. Going from Vila Real to Lisbon was a giant step. Now, from Lisbon to Australia i hope that tit goes along the same path. It helps, very much, having for this decision, the support and assistance of the entire family, either on my part or on the part of the J. our parents were the first to give us the kick in the butt, as I usually say, and support our adventure. We are now at the stage "not to think about it." Whenever I give this answer to someone, what i get answered back is a long "yeahhh", from who is thinking about the subject.

The truth is that it is not easy to think of leaving here my goddaughter who makes two years in September and that whenever she sees me screams "maaííí". It is also not easy to think that I am going to stop giving in the head of my newest while I try to take him on the path which seems to me to be more certain (brother, read it) or to listen and support my older (my sister). And of course it is also not easy to leave all the other people, people who are blood of our blood.

Those with whom I share the eternal connection of love. I believe with all my strength that if there will be something that will make you want to go back in the grayest days, will certainly be the nostalgia. After all, how is it possible to live without family and without friends around? With courage. With faith. With courage and determination to find new friends (who do not replace but they add) and new people that make me feel like family.

With faith that those who are staying in Portugal will continue to love me unconditionally in all my choices and my steps. After all, everything is learning and as someone said to me today, if it goes wrong, what is certain is that you'll grow much, you'll learn a lot.

my B.

my heart's a puzzle...