Ténis no trabalho, sim ou não? | Sneakers at work, yes or no?

Wednesday, September 07, 2016


Ténis. Sapato de lona, tecido ou pele, geralmente com sola de borracha e com atacadores, usado para atividades desportivas ou, no dia a dia, com roupa informal; sapatilha (fonte: Infopedia). Ténis, ou sapatilha, como queiram. Aquele pedaço de céu que se calça e que me faz tão feliz como se tivesse nos pés um par de Louboutin.
Uso ténis sempre, ou quase sempre. Com calças de ganga, com calças de napa. Com calças informais ou com calças de festo. Com calções, saias e vestidos. Tenho uma coleção que ao lado de muitas é reduzida, mas que reúne peças essenciais para mim que fazem dos meus pés, os pés mais felizes do mundo. Um par de ténis para mim é mais do que uma questão material. Representam tempo que trabalhei para os poder comprar, representam esforço e dedicação.
“Então e vais trabalhar assim, de ténis?”. “Sempre”, respondo eu. Já houve tempo em que achei que usar sapatos ia fazer de mim uma pessoa aparentemente mais adulta e mais preparada para o mercado de trabalho. Isso aconteceu quando eu tinha 20 anos e entrei no meu primeiro estágio. Nessa altura usava sapatos. Usava sapatos por me sentir mais confiante e com mais postura para enfrentar a altivez do mundo dos adultos ou, pelo menos, a altivez que eu achava que existia no mundo dos adultos. Desisti ao fim do segundo estágio e no início do meu primeiro emprego ‘a sério’. Troquei os sapatos pelos ténis assim que percebi que marcar presença não é (só) uma questão de sapatos ou de roupa, mas sim de atitude. Depois disso, até já a uma entrevista de emprego fui de ténis e adivinhem... fiquei com o trabalho. 
Sou das pessoas que acredita (ou que assume) que o visual é uma arma que pode ser usada a nosso favor. A imagem e a perceção que os outros têm de nós, é a soma de dezenas de elementos que vamos demonstrando ao longo da convivência: a imagem visual, a forma como comunicamos, a forma como nos expressamos, a forma como tratamos os outros, etc. Como estava a dizer, o visual, ou a imagem visual, é um dos elementos que compõem a perceção que os outros têm de nós. Quer isto dizer que devemos vestir, maquilhar, pentear, calçar, da forma que as regras sociais ditam? Não. Não temos todos de obedecer aos conceitos de beleza socialmente aceites, de ter rostos simétricos e peles perfeitas para sermos harmoniosos. Não temos todos de vestir o que a sociedade acha que está certo e que é adequado para estarmos bem. 
Há, por exemplo, uma regra social que dita que à mulher adulta não fica bem usar ténis, especialmente em ambiente profissional. Essa regra, é a mesma que diz que, em certos registos, a mulher deve usar sapatos de salto alto, saias abaixo do joelho e blusas que tapem os ombros. E não, não estou a falar de igrejas. Estou mesmo a falar de trabalhos tão comuns como ser bancária ou ser hospedeira. Claro que há as mulheres que gostam de usar saltos altos e há até as que se sentem mais confortáveis em cima de saltos altos, mas há também as que o fazem só e apenas por pressão social. Afinal de contas, apanhar uma mulher num casamento de saltos rasos significa duas coisas: ou está grávida (e mesmo assim, não é desculpa), ou está doente, coitada. Contra mim falo, que normalmente em casamentos ou em festas semelhantes, acabo por usar aquele único par de sapatos de salto alto que tenho no armário. No geral, arrependo-me duas horas depois de ter calçado os ditos sapatos e rapidamente os substituo por um par de ténis. 
As regras concebidas pela sociedade sobre o que está certo e errado são, no geral, mais duras e mais rígidas com as mulheres. São elas que não podem mostrar demasiada pele, correndo o risco de serem consideradas meninas profissões menos legais. São elas que não podem beber mais álcool que os homens e, em algumas realidades, ainda são elas que não podem ganhar mais dinheiro do que os homens. Por isso mesmo, cabe-lhes a elas, a nós, ir aos poucos mudando estas regras e dizer que sim, uma mulher pode usar ténis no trabalho e ser tão ou mais profissional e assertiva como qualquer outra pessoa que use um sapato de berloques. Tal como é nossa responsabilidade dizer que sim, uma mulher pode ganhar mais dinheiro do que um homem, se trabalhar mais do que ele. 
Considero-me uma pessoa dura no trabalho. Gosto muito de trabalhar, independentemente do trabalho em si. Gosto de me dedicar, de me esforçar e de me sentir recompensada por isso. E não gosto que falhem comigo, seja a que nível for. Gosto de pôr os pontos nos is e conversar abertamente sobre questões de conflito, no sentido de as resolver. Não gosto que me mintam ou me tentem enganar. Confronto e argumento até ver alguém admitir a mentira. E faço isto tudo de ténis. E de calças rasgadas. 
Malta, não se acanhem. Podem vestir roupas confortáveis, calçar ténis, ou optar por outro qualquer visual que diga mais da vossa personalidade do que os coordenados socialmente aprovados. Mostrem quem são em tudo o que têm e tudo o que fazem. Mudar mentalidades fechadas, incapazes de aceitar o diferente e quebrar preconceitos está nas mãos de cada um de nós. Aos poucos, o mundo foi mudando e foi mudando porque alguém fez diferente, explicou e argumentou e acabou por ser compreendido por alguém que também decidiu começar a fazer diferente. Aos poucos, nós também conseguimos fazer o mundo evoluir, nem que comecemos pelos nossos vizinhos do bairro.
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Sneakers. A type of light, comfortable shoe that is suitable for playing sports (source: Cambridge Dictionary). Sneakers. That piece of heaven that you put on your feet. A simple kind of shoe that makes me as happy as having a pair of Louboutin (I don’t have any, btw). I have a sneakers collection that, compared with others, is limited, but I have essencial pieces that make my feet feel like the happiest feet in the world. For me, a pair of sneakers is more than a material thing. They represent time that I worked to be able to afford them, they represent effort and dedication.
I always wear sneakers, or most of the time. With jeans, with leather pants. With informal pants or classic ones. With shorts, skirts and dresses. 
“Are you going to work like that, wearing skneakers?”. “Always”. There was a time when I thought I should wear shoes, to make me a much adult person, well prepared for professional market. That happened when I was 20 and begun my first internship. In that time I always wore pretty shoes, that made me feel more confident and more prepared to face adults world. I gave up at the ending of the second internship and the beginning of my first ‘real’ job. I switched my shoes for sneakers as soon as I realized that I didn’t need them to seem more serious. It’s not a matter of clothing, but a matter of attitude. After that, I even went to a job interview wearing sneakers and guess what… I got the job. 
I am one of those that believes (or assumes) that visual aspects may be a strong weapon than we can use in our advantage. Image and the perception others have from us is a sum of dozens of elements that we show as we share the same space and experiences: the visual image, the way we communicate, the way we express, the way we treat each other… As I was saying, our aspect is one of the aspects that build the perception other have of us. Does this mean we all have to dress up, brush, makeup as all the social rules says? No. We don’t have to obey to beauty concepts socially accepted. 
For example, there is a rule that says that adult women don’t look goo wearing sneakers, specially in professional environments. This rule is the same that says that, in some environments, women must wear high heels, skirts below the knee and shirts that don’t show the shoulders. And I am not talking about churches. I am talking about some jobs like working on a bank or being a landlady. Of course there are women that really like or feel more comfortable wearing high heels, but there are also those who only wear them because of social pressure. After all, a woman in a marriage party wearing shallow heels means one of two things: pregnancy or being hill. Against me I talk, because I usually wear the only pair of high heel I have on marriage parties. In general, I regret it two hours after putting them on my feet, and switch high heels for sneakers.
All social rules that says what is wrong and what is correct are, in general, more restrict with women than with men. These rules are the ones that say that a women must not show too much skin, taking the risk to be considered girls with less legal professions. These rules are the ones that say that women must not drink more alcohol than men and, they are also the same that say that women can not earn more money than men. So, it’s our responsibility to change these rules saying that yes, a woman can wear sneakers at work and be as or more professional that anyone else wearing cute shoes. As it is our responsibility to say that yes, a woman must earn more money than a men, if she works more than him.
I consider myself a tough person at work. I love to work hard and be rewarded for it. I don’t like when people disappoint me. I like to put all dots in all I and talk clearly about all conflict questions, trying to solve them. I don’t like it when people try to lie to me or try to make me a fool. I confront them until that person admits that there was a lie. And I do all that wearing sneakers. And ripped jeans. 
Guys, don’t be shy. You can wear comfy clothes, sneakers or any other visual that says more of your personality than any other clothes. Show the world who you are in everything you wear or do. Changing mentalities incapable of accepting different things is our responsibility. Step by step, the world changed until today. That happened because someone made thing differently, explained it to another person that somehow believed him and started to do thing in a different way. Step by step, we can also change the world, make it a better place.








love,
C.

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