Mães, pais, o que sentiriam se o vosso filho partisse para o outro lado do mundo? | Mums, dads, what would you feel if your son left to the other side of the world?

Tuesday, October 11, 2016


Tomar a decisão de emigrar não é fácil. Pensarmos em ficar sem a família, sem os amigos, sem a nossa casa e os nossos sítios. Sem a nossa cidade, os nossos hábitos. Por mais aliciante que seja a ideia de começar de novo (que é, muito) a verdade é que decidir partir não é algo que seja pensado de ânimo leve. Ninguém nos obrigada a sair, a não ser o facto de acreditarmos que podemos ter uma vida melhor (e, consequentemente, proporcionar uma vida melhor aos nossos) saindo por uns tempos para investir em enriquecimento profissional e pessoal. 
Emigrar não é fácil. Há dias melhores e dias piores, claro. Mas esta decisão não é difícil só para nós, só para os que emigram. Às vezes tento pôr-me no lugar da minha mãe, do meu pai, que nunca na vida me disseram para não vir. Pelo contrário, sempre me deram todos os incentivos e toda a força para vir à descoberta. Nem por um segundo questionaram a minha decisão. É de um altruísmo, uma prova de amor tão grande, que não cabe em mim o orgulho que sinto pelos meus pais. Eles entendem o que é esta coisa de educar filhos para depois os largar no mundo, tendo com eles um porto seguro onde podemos sempre regressar.
Com isto, e no papel de filha, porque o de mãe ainda não conheço, quero colocar esta questão: pais, mães, o que sentiriam se um dia o vosso filho ou a vossa filha vos colocasse a hipótese de ir viver para o outro lado do mundo? O que diriam? O que aconteceria dentro dos vossos corações se os vossos filhos, hoje crianças ou adolescentes, dentro de alguns anos, vos dissessem que querem ir embora? Não me posso colocar no papel de mãe, já o disse, mas consigo imaginar que deve ser uma situação tão complicada, capaz de nos estrangular o coração. E é por imaginar que assim seja que agradeço aos meus por me terem sempre motivado a vir, a partir. 
Hei-de sempre regressar a casa dos meus pais como se fosse a minha casa. Hei-de sempre saber onde estão os tupperwares (e nunca os hei-de arrumar como a minha mãe gosta), onde estão os copos e até onde se guarda o fermento. Hei-de sempre saber os cantos à casa, porque foi a mesma onde nasci e acredito que seja a mesma onde vou ver os meus pais envelhecer. E eles, eles hão-de sempre receber-me como a filha que, na verdade, nunca saiu dali, da aldeia onde metade dos habitantes são meus primos, e a outra metade são meus tios. Eles hão-de sempre receber-me como a filha que não sabe estar quieta, que fala demais, que se mexe demais, mas que eles amam como ninguém. Podia escrever um livro sobre o quanto admiro os meus pais, com todos os meus defeitos (e os deles também).
É por tudo isto que, muitas vezes, quando decidimos emigrar, damos por nós a pensar se estamos a ser demasiado egoístas por deixar quem gosta de nós a contar os dias para a próxima visita a casa. Mas, afinal de contas, o mundo é para ser explorado, e os amores incondicionais não se deixam abalar por meia dúzia (de milhares) de quilómetros. 
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It’s not easy to make the decision of emigrating. We think about family and friends that we won’t have around, our home that won’t be the same. Our city, our habits that will change. Leaving is always a good thing, you have the opportunity to restart your life, however, deciding to leave is not easily decided. No one obligates us to leave, obviously. The only thing that makes us leave is the fact that we believe that we can make our lives (and life of those that surround us) better. 
Emigrating is not easy. You have good days and bad days, sure you have. But this decision is not hard only for those who make it. Sometimes I put myself in my mother’s and father’s skin, those who never told me not to come. They always encouraged me to come. Not for one second they doubted about my decision. This is such an altruist attitude, such a love proof, that I can’t even tell how much proud I am of them. They understand this thing of educating their kids and then leaving them to the world, always keeping that idea that we can always come back to them. 
With this, and in a daughters skin, ‘cause I don’t know yet what is this of being a mother, I want to question you something: fathers, mothers, what would you feel if, one day, your son or daughter told you that they were leaving to the other side of the world? What would you say? What would happen to your hearts if your kids told you that they want to leave? I already told you that I can’t place myself in a mother’s skin, but I can imagine that this is a very hard situation. And, because I can imagine that, I just want to thank my parents for always supporting my decisions. 
I will always go back to my parents’ house like it was mine. I will always know where tupperwares are (and I will never put them in the right place), where glasses are, where baking powder is. I will always know all the corners of that house where I was born and where I believe my parents will get old. And them, they will always receive me as that daughter that, in fact, never left that village where half of the habitants are my cousins, and the other half are my uncles. They will always receive me as that daughter that can’t stop moving, that moves too much and speaks too much, but they love. I could write a book about how much I admire my parents, with all mine (and their) defects. 
And this is why, sometimes, when we decide to emigrate, we start wondering if we are being selfish leaving all people that loves us counting the days for our next visit. But, after all, world must be discovered and unconditional love doesn’t break for half (a thousand) kilometers.

love
C.

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2 comentários

  1. Catarina, ser pai e deixar um filho sair de casa sem dizer um "por favor não vás, fica" é realmente prova de um amor imenso. Mas ser filha e, mesmo assim, ter a determinação de sair de casa, dos nossos, da terra que nos viu nascer é, também, sem dúvida, prova de uma coragem imensa. Que tudo corra à medida das tuas maiores expetativas. Beijinhos :)

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    1. Oh Bárbara, obrigada! :) obrigada pelas tuas palavras. Tenho a certeza que a aventura correrá bem, valerá sempre a pena, especialmente enquanto este cantinho merecer a atenção de leitores como tu. beijinho!

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