Novo país, novos hábitos, nova vida | New country, new habits, new life

Tuesday, September 20, 2016

Acho que, quando tomámos a decisão de emigrar, não fazíamos a mínima ideia do tipo de decisão que estávamos a tomar. Era uma utopia. Não sabíamos bem o trabalho que ia dar, que ia exigir tanta ginástica psicológica e financeira. Não sabíamos que todo o processo iria demorar mais de um ano e que ia exigir tanto de nós, da nossa capacidade de acreditar e de ter a certeza da escolha que tínhamos feito até ao fim. Conseguimos, resistimos e hoje estamos cá, juntos, num continente diferente mas com a mesma maneira, os mesmos jeitos. 
Decidimos vir para, como quase toda a gente que emigra, procurar uma vida melhor. Afinal de contas, quando nos queixamos das nossas rotinas e das nossas vidas, não podemos recusar as oportunidades que o universo nos põe à frente. E quando decidimos vir, tomámos várias decisões e definimos vários objetivos para os anos que por aqui passaremos. Um desses objetivos passa por nos tornarmos mais ativos, mais saudáveis. 
A rotina é uma coisa tramada que nos consome a energia para fazer coisas diferentes, coisas que vão além do que está programado e do que estamos habituados a fazer. É complicado, é difícil, é exigente fugir à rotina e por isso mesmo, essa é a desculpa que damos a nós próprios para não comermos melhor, para não nos mexermos, para não fazermos mais daquilo que realmente gostamos, para vivermos melhor. Era isto que me acontecia em Portugal. Eu, que nunca fui pessoa dada ao exercício consegui durante 24 anos, arranjar uma desculpa para não fazer dele um hábito. Porque hoje tenho de cozinhar, porque saí mais tarde do trabalho, porque quer ver um filme, porque estou demasiado cansada. O J, sempre muito mais ativo do que eu.
Mudar para a Austrália foi quebrar completamente com todos os hábitos e todas as rotinas que mantinha em Portugal. É assustador, é, mas ao mesmo tempo é uma nova oportunidade para nos reinventarmos e para nos tornarmos exatamente na pessoa que queremos ser e que não eramos por estarmos absorvidos nas nossas próprias barreiras.
Novo país, nova vida. Há que aproveitar o facto de na Austrália o povo ser ativo que leva à letra o ditado ‘deitar cedo e cedo erguer’. Tinha de haver uma razão para não existirem estores nos quartos por cá e termos luz a entrar desde as 6h! Estes quartos foram desenhados para descansar o corpo durante a noite, e não para dormir profundamente manhã fora. Há uma vida para viver profundamente lá fora. 
Absorvida por esta energia, tenho tentado por cá fazer o que sempre quis fazer mas nunca tive a força: tornar-me numa pessoa ativa. É que aos 24 anos sinto no corpo coisas que não devia: o ombro que paralisa com dores quando está frio, o oxigénio que me falta quando subo algumas escadas ou as dores nas costas. E tudo isto tem uma solução: atividade física. Passaram cerca de três semanas desde que consegui comprar uns ténis para treinar (porque não consegui meter uns na pouca bagagem que trouxe) e desde então tenho saído à rua cinco vezes por semana para mexer o rabo. Não há cá ginásio, grandes apetrechos e grandes máquinas. O meu ginásio tem sido a rua. Se nuns dias tenho a sorte de ter o J a puxar por mim (as maravilhas de ter em casa o pro da atividade física), noutros vou sozinha correr ou até mesmo caminhar. A regra é só uma: passar uma hora por dia fora de casa em movimento. O corpo gosta e a mente também!
__
I think that, when decided to move to Australia, we had no idea what kind of decision we were making. It was utopic. We didn’t know how confusing it was going to be, that it was going to ask for so much psychological and financial gymnastics. We didn’t know that all the process was going to take more than a year and that it was going to demand so much of us and our capacity to believe that we made de right choice. We made it, we resisted and today we are here, together, in a different continent but with the same way of living. 
We decided to come to search for a better life, like almost everybody that decides to emigrate. After all, when we are always complaining about our routines, we cannot refuse the opportunities that the universe gives us. And when we decided to come, we made many decisions and wrote many objectives for the next few years. One of those, was to become more active, healthier people. Routine is a hell of a thing. It consumes our energy to do different things. It’s hard and it’s demanding to run away from routine and as that, we use routine as an excuse for not eating better, for not moving, for not doing what we really like to do, for not living a better life. That was exactly what happened in Portugal. I was never an active person and during 24 years, I always found an excuse for not moving my body. J was always much more active than me. 
Moving to Australia was breaking all habits and all routines that I kept in Portugal. It’s scaring, it is, but at the same time, is a new opportunity to reinvent ourselves and become exactly the person we want to be, without being absorbed in our own barriers. 
New country, new life. We have to take advantage of the fact that Australians are active people that lives the Portuguese saying ‘go to bed early and rise early’. There had to be a reason for not existing any blinds in bedrooms and light all over the place since 6 am. These bedrooms were made to rest the body during the night and not to sleep all morning. There’s life happening outside!
Absorbed by this energy, I’ve been trying to do what I always wanted to do but never had strength: become an active person. The thing is that, at 24, I feel things in my body that I shouldn’t: my shoulder doesn’t move when it’s cold, the lack of oxygen when I climb some stairs or some back pain. And all of this has a simple solution: physical activity. Three weeks passed since I bought my training tennis (I didn’t bring ones from Portugal) and since then, I’ve been on the street five times a week to move my ass. There’s no gym or big machines. My gym has been outdoor. If in some days I have J with me (it’s wonderful to have a physical activity pro at home), in other I go running alone or just walking. I only have one rule: be outside moving one hour a day. My body and my mind love it!
(I know, it's real, it's me working out! There's hope for the world!)

Love, 
C.

You Might Also Like

0 comentários

Fala Comigo!

Name

Email *

Message *