Sobre quem somos, em que trabalhamos e como ganhamos dinheiro | About who we are, where we work at and how we get money

Tuesday, March 14, 2017


É maravilhoso trabalharmos exatamente naquilo que gostamos, ganharmos dinheiro com isso, e esse trabalho corresponder exatamente ao que somos, com todos os nossos defeitos e virtudes. É maravilhoso trabalharmos num emprego com o qual sempre sonhámos e que nos imaginamos a manter para o resto da vida, um emprego que nos dá garantias de nos fazer felizes – a nós próprios e às nossas carteiras – ao longo de todas as fases da vida, todas as evoluções. Um emprego que consiga levantar-nos da cama todos os dias com um sorriso na cara carregado de motivação, de ideias e de energia. 
É maravilhoso, de facto. Mas, afinal, quantos de nós conseguimos isso? Quantos de nós queremos isso? E quantos de nós vivemos numa pressão horrível para atingir isso?

Há uns meses conheci uma das pessoas que mais gozo me deu conhecer nos últimos tempos. Trabalhámos juntas numa loja de roupa. Perguntei-lhe o quê que ela fazia – porque a maior parte das pessoas que trabalha por aqui no retalho, trabalha a tempo parcial e, por isso, faz outras coisas para além do trabalho em lojas. Ela respondeu-me que era pintora. Pintora, pensei, que interessante. A conversa evoluiu e chegou a pontos de ela me explicar que era pintora, porque era isso que a definia, mas que não era daí que obtinha os seus rendimentos, mas sim das lojas em que ia trabalhando. Ainda assim, ela não era lojista, era pintora. Era pintora porque era isso que ela fazia de paixão. ‘Porque afinal de contas, a atividade de onde vem o dinheiro não tem de ser aquilo que tu és. O dinheiro é necessário para pagar contas, para viver, mas eu sou pintora, independentemente de ganhar ou não dinheiro com isso’. 

Sou pessoa de pensar muito sobre tudo. Analisar tudo e mais alguma coisa, mas, acreditem ou não, nunca tinha pensado nas coisas desta forma. Em tempos já tinha pensado e repetido para mim mesma, que o trabalho não era o que me definia enquanto pessoa. Trabalho é trabalho. Fora dele continuamos a ser pessoas, que gostam de outras coisas, que fazem outras coisas. 
Depois desta conversa, comecei a pensar no quê que eu própria sou. Já não sou jornalista, porque já não trabalho na área, se bem que ‘uma vez jornalista, para sempre jornalista’, porque há coisas que permanecem. Mas já não posso dizer que sou jornalista. Também não sou lojista, porque não me sinto lojista, embora adore a experiência que estou a ter. Também não sou assistente de investigação. Faço-o e gosto de o fazer, mas não é o que eu sou. O quê que eu sou? Acho que sou comunicadora, porque é exatamente isso que eu gosto de ser. Porque a comunicação é base da humanidade e pode ter mil e uma formas. Sou comunicadora. Porque a comunicação está presente em todo o lado, seja num trabalho de jornalismo, seja num trabalho de atendimento ao público, seja a escrever para as pessoas num blogue. No futuro, posso ser comunicadora a trabalhar com crianças, a gerir social media de grandes marcas, a escrever para um grande jornal ou uma grande revista, a ter a minha própria empresa de hotelaria, a trabalhar num restaurante, a ter a minha própria loja... quem sabe? 

Conheço tanta, tanta gente que não é (só, pelo menos) aquilo em que trabalha. Dou o exemplo da Marta, a minha Marta. É gestora de redes sociais das 09:00h às 19:00h – e é-o com todo o empenho -  mas no resto do tempo é Pasmar a Vista. No resto do tempo é criatividade, é amor, é uma casa recheada de pedaços que ela própria fez, que ela própria construiu. Se isso lhe dá dinheiro? Nem por isso. Mas aposto que é o que faz de coração e alma. 

E vocês, o que são?
__
It’s wonderful to work exactly on what we love, win money with that, with a job that exactly corresponds to what we are, with all our best and worst things. It’s wonderful having a job with which we dreamed all life and on which we can imagine ourselves working for the resto f our lives. It’s wonderful having a job that gives us all the guarantees of making us happy – and our wallets – through all the life stages, all the evolutions. A job that is capable of making us get out of bed every morning with a smile on our faces, charged with motivation, ideas and energy. 
It’s wonderful, indeed. But, after all, how many of us can achieve that’ how many of us want to achieve that? And how many of us live under pressure to achieve that?

Four or five months ago I met such a special girl. We worked together on retail. I asked her about her life, what she was doing in her life – because most of the people in retail have also other jobs. She told me that she was a painter. Painter, I thought, how interesting. Our conversations evolved and she explained to me that she was a painter because that’s the job that defines her, however, that is not the job from where she gets money. She gets, or she got, money from the stores she worked at. But she was a painter, because that is what she does with her heart, she is not a retail assistant. ‘Because, after all, the activity from where your money comes from doesn’t have to have anything to do with who you are. Money is necessary to pay bills, to live. But I’m a painter and it doesn’t matter if I do or don’t get money with it.’

Usually, I think a lot about things but, believe it or not, I never thought about this this way. in the past, I had already thought and repeated to myself that my job didn’t define me as a person. A job is just a job. Away from it, we are still people that love doing other things.
After this conversation, I started thinking to myself ‘who am I?’ I’m not a journalist anymore, because I’m not working in this area, even though ‘once a journalist, forever a journalist’. Some things remain, but I can’t say I’m still a journalist. I’m not a retail assistant, because I don’t feel that way, even though I’m loving this experience. I’m not also a research assistant. I like it, but it’s not who I am. What am I? I think I am a Communicator, because that’s exactly what I like to be. Because communication is the basis of everything and may have one thousand different shapes. I’m a Communicator. Communication is everywhere, in journalism, in any public service, writing on a blog. In the future, I can be a Communicator working with kids, managing social media of big brands, writing on a newspaper, having my own hospitality company, working on a restaurant, having my own store... who knows?

I know so many people that are not (only) what they do. Marta, my Marta, for example. Marta is a social media manager from 09:00h to 19:00h but, in the rest of the time, she is Pasmar a Vista. In the rest of the time, she is creativity, love, a house full of little pieces that she made by herself, that she built. If that gives her Money. Not really. But I bet that that is what she does with all her heart and soul.

What about you? Who are you?

love,
C.

You Might Also Like

1 comentários

  1. Acho que sou um pouco de tudo. Sou experiência - adoro aprender coisas novas, adoro fazer um pouco de tudo e não sentir monotonia na minha vida. Sou muita coisa porque acho que sou um bocadinho de cada coisa que gosto - leitora, escritora, educadora, pensadora, criativa. Acho que não temos que ser apenas uma coisa quando o que nos define são tantas outras. Acho que até sou um bocadinho de empregada doméstica - no sentido em que adoro limpezas e mudanças, arrumações e reciclagens. Porque escolher uma coisa, quando se pode ser tantas?

    Um beijinho enorme Catarina. Como sabes, os teus textos são sempre visita prioritária!

    ReplyDelete

Fala Comigo!

Name

Email *

Message *