Moscas e ginásios não têm nada a ver? Na Austrália têm. | Flies have nothing to do with gyms? In Australia they do.

Wednesday, November 09, 2016

Correr na rua, ar puro ao fim de um dia de trabalho, sentir a brisa na cara, respirar, receber luz natural, que maravilha! Tretas. Se vivessem na Austrália iam perceber. É que andar a treinar na rua foi muito bonito enquanto estivemos ali entre o fim do inverno/início da primavera. Quer dizer, na verdade continuamos no início da primavera, mas convenhamos que este início da primavera proporciona aos australianos a sensação térmica de uma verão em Portugal. 

Já estava mentalizada para a questão de sufocar com o calor e de ficar com a marca do sol das alças do top ou dos calções nas pernas, qual camionista de longo curso. E atenção que isto acontecia no final do inverno. Mas pronto, o pessoal encharcava-se em água para não desidratar, espalhava um protetor solar, ia para a rua meio cinzento e tudo bem, vinha com marcas na mesma, mas pronto. Mal sabia eu que o verdadeiro desafio de sair para a rua em dias de mais calor para ir dar uma corridinha era outro. É que não há cinco metros que se corram em que não nos bata uma mosca ou qualquer outro inseto na testa (quando não é na boca), que não andem cinco moscas pousadas em cada ombro ou que não andem a voar à volta da nossa cabeça. E vocês pensam: “se calhar se começares a tomar banho...” E eu juro que tomo! Não é uma questão de cheiro (acho eu). É que os bichos aqui são assanhados como tudo. 

As moscas australianas são muito diferentes das moscas portuguesas, isso eu já tinha reparado. É que em Portugal, a mosca pousa na perna, o pessoal vai para a sacudir e ela já fugiu. Aqui é toda uma outra história. Primeiro, elas são lentas. Eu tento sacudi-las e nada. Quase é preciso tocar-lhes. E depois, elas afastam-se por 3 nanosegundos. Depois estão de regresso.
Eu tenho para mim que isto é tudo negócio e que são os ginásios que pagam às ditas cujas para nos atormentar a vida enquanto tentamos fazer pelo corpinho na rua. Se assim é, amiguinhos, resultou. Eu desisti e cedi. Deixei-me dessa coisa de combater sol, calor e moscas e lá fui eu direta ao ginásio da Universidade para me inscrever. Eu, euzinha, que a única vez que frequentei um ginásio foi durante dois meses no secundário, numa fase da vida (sim, porque na adolescência as fases da vida têm cerca de dois meses) em que achava que queria ser mega fit mas na verdade nem sabia o que raio significava o conceito de alongar. 

Ora, no ginásio foram uns queridos e ofereceram-nos (sim, porque entretanto o homem também desistiu dessa coisa de correr na rua) uma semaninha de circulação livre pelo ginásio para decidirmos se queremos realmente inscrever-nos. A decisão já está mais que tomada mas à boa moda tuga, se é de graça nós aceitamos. Ora, fui lá duas vezes desde que tomei esta bela decisão e posso dizer-vos que só assim ao nível da corrida, a coisa corre muito melhor. O meu cansaço ao fim de 4 km é o mesmo que, na rua, eu sentia ao fim do primeiro só de andar a enxotar os mosquitos e a transpirar como uma louca por causa do calor absurdo que faz por cá na Primavera. 
Claro que o ambiente de ginásio é coisa para me dar tema para escrever meia dúzia de crónicas muito engraçadas. Cá fora, há mosquitos, lá dentro é com cada ave rara...
__
Running outdoors, fresh air at the end of a working day, feeling the breeze on the face, breathe, receiving natural light, how cool! Bullshit. If you lived in Australia you would understand. I mean, working out outdoors was amazing while we were at the end of winter/beginning of spring. Well, we are still at the beginning of spring, however this beginning of spring gives Australians the thermic sensation of a Portuguese summer. 

I had accepted the fact that, running outdoors could mean suffocating and getting undesired sun marks of my clothes on my body, just like a truck driver. And this could happen any time at the end of winter. But you know, I drank lots of water, used huge quantities of sun protector that made me look grey, arrived at home with sun marks but it was ok. I was far away from dreaming that the true challenge was just about to start. There are no five metres that you ran without a bug hitting our forehead (when it’s not in your mouth), without five bugs standing on your shoulder or flying around your head. And you think: “maybe you should just shower…” And I do! It’s not about the smell (I guess). Animal life around here is intense!

Australian bugs are very different from Portuguese ones. In Portugal, when a bug stops in your leg, when you try to hit it she has already fly away. Here in Australia, is a different story. First, they are slow. I try to shake them and nothing happens. I almost have to touch them. And then, they only fly away for like 3 nano seconds. Then they come back. 
I believe that this is a business. Gyms must pay bugs just to annoy people that have the habit of running outdoors. If it is so, it worked, buddies. I quit and did what you wanted. I left the challenge of fighting the sun, the high temperatures and bugs and went through the Uni’s gym to register. Me, myself, that only went to a gym once for two months during high school when I thought I wanted to be super fit but in fact I didn’t even realized what stretches mean. 

Well, at the gym they were so nice that they offered us (yes, because the man decided to quit too) a free week to try it and decide if we really wanted to go to that gym. The decision is made but, Portuguese style, if it’s free I’ll just accept it. I went there two times and I can tell you that, about running, things go much better. After a 4 km run, I feel as tired as I felt after the first km outdoors. Just because I don’t have to be shaking bugs or sweat like crazy because of this spring hot. 
Sure that gym ambience is also a thing that can give me ideas to write half a dozen funny chronicles. Outside you have bugs, inside you have some rare birds…


love,
C.

You Might Also Like

2 comentários

  1. Estou muito curiosa para ver essas crónicas sobre os ginásios... Cheira-me que me vou rir imenso!

    Beijinhos do outro lado do mundo, Catarina!

    ReplyDelete
    Replies
    1. Ahhh Bárbara vou ter me inspirar para conseguir descrever na perfeição ahaha beijinhos!!

      Delete

Fala Comigo!

Name

Email *

Message *