Um Gregorio que nos ensina o que é o amor | One Gregorio that teaches us what love is

Sunday, September 18, 2016



Há uma coisa que me consegue sempre conquistar vá onde for, seja em que circunstância for. É o sentimento. É a pureza com que se pensa e se age nas mais pequenas coisas do dia-a-dia. 
Há uns dias, tive a sorte de me cruzar com um dos textos mais sinceros que eu já li, uma das crónicas do genial Gregorio Duvivier para a Folha de S. Paulo. Sorte, tive mesmo sorte. É que o que li, marcou-me. Não por me identificar com a realidade que o Gregorio descreve, mas por ter acreditado no sentimento de cada palavra que escreveu. 
'Desculpe o transtorno, preciso falar da Clarice' é o nome desta crónica que fala sobre um amor que foi eterno enquanto durou. Fala sobre o fim deste relacionamento (e nunca sobre o fim do amor), sobre a dor e as lágrimas, os arrependimentos. Fala sobre a felicidade de ter vivido esse amor. Foi um amor feliz, durante o qual o Gregorio e a Clarice até gravaram uma comédia romântica que estreou esta semana no Brasil, já depois da separação.
Nesta crónica, o Gregorio explica o que sentiu quando viu a tal comédia romântica pela primeira vez: “Achei que fosse chorar tudo de novo. E o que me deu foi uma felicidade muito profunda de ter vivido um grande amor na vida. E de ter esse amor documentado num filme —e em tantos vídeos, músicas e crônicas. Não falta nada”. E esta devia ter sido a melhor parte da crónica, mas para mim, não foi. 
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There is one thing that is always capable of captivate me wherever I go, in any circumstances. Feelings. Is the simple way people think and talk in daily life. 
A few days ago, I fortunately found one of the most honest texts I have ever read, one of the Gregorio Duvivier chronicles for Folha de S. Paulo. I was so lucky. That text really put a mark in my life. Not because I can identify with that reality that he talks about, but because I was capable of believing in the feeling of every word he wrote. 
'Sorry to bother, I need to talk about Clarice' is the name of this chronicle that talks about a love that was eternal while it lasted. Gregorio talks about the end of the relationship (never about the end of the love), about the pain and the tears, the regrets. He talks about the happiness for having had the opportunity to live that love. It was a happy love, during which Gregorio and Clarice even recorded a romantic comedy movie that debuted this week in Brazil, after the divorce. 
“I thought I was going to cry everything again. But what I felt was an extreme happiness for having lived a big love in life. And having that love documented in a movie – and in so many videos, musics and chronicles. There is nothing missing”. This must had been the best part of this text, but for me, it wasn’t.

Gregorio e Clarice numa das cenas do filme 'Desculpe o Transtorno' | Gregorio and Clarice in one of the scenes of the movie 'Sorry to bother'
Vamos mais atrás, porque o que realmente me marcou, foi esta parte, em que ele recorda o que viveu com a Clarice: 
“Aprendi o que era feminismo e também o que era cisgênero, gas lighting, heteronormatividade, mansplaining e outras palavras que o Word tá sublinhando de vermelho porque o Word não teve a sorte de ser casado com ela”.
Esta frase diz mais do que qualquer declaração de amor. Como eu tenho dito, é de uma inteligência sentimental fora do comum. Esta frase diz que houve respeito; que os assuntos que a movem, acabaram por o mover a ele também; que houve partilha de ideais e que foram respeitados; e que tudo isto foi uma sorte. 
Melhor do que um ‘amo-te’ que tantas vezes é dito porque é isso que se diz ao outro num relacionamento, é dizerem-nos que as coisas em que acreditamos têm importância. É quererem ouvir sobre os assuntos que nos movem e nos tiram o sono. É assumirem que enriquecem ao ouvir as coisas que todas as outras pessoas acham ridículas. 
Infelizmente estas palavras que o Word faz questão de sublinhar a vermelho ainda são assuntos tabu no Brasil (e no resto do mundo, vá). Muitos homens (e mulheres), ainda têm medo de discutir certas questões que se prendem com a sexualidade com medo de ter os outros a duvidar sobre a sua orientação. 
O Gregorio não tem medo. E também não tem medo de dizer que sente respeito pela mulher com quem foi casado. Mais: assegura que foi uma sorte ter sido casado com a Clarice. Que se deixou envolver naquela relação. Que começou a ouvir as músicas dela. Que entrou no mundo da Clarice sem receio, e lá, foi feliz. Não há recalcamento, não há magoa. Há apenas uma plena noção do que é o amor e do que a vida pode fazer com ele. 
Vale a pena ler.
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Lets go back, because what really touched my heart was this part, when he explains what he lived with Clarice: 
“I learnt what feminism was and also cisgender, gas lighting, heteronormativity, mansplaining and so many other words that Word is underlining in red because Word was lucky being married to her”.
This phrase says so much more than any love declaration. Has I say, this phrase is from a sentimental intelligence out of common. This phrase says that there was respect; that all the issues that move her, also moved him; that they shared ideals and that they were respected; and that all this was luck. 
Better that one ‘I love you’ that so many people tell just because is the right thing to do, is to be told that all the things we believe in matter. Is feeling that he wants to hear about all the issues that moves us and take our sleep away. Is assuming that they get richer listening our things, things others consider ridiculous. 
Unfortunately, this words that Word underlined are still tabu in Brazil (and in the rest of the world). Many man (and woman), are still afraid of discussing these issues about sexuality because they fear what others may think about their orientation. 
Gregorio is not afraid. And is not afraid of saying that he respects the woman he was married to. More: he assures he was a lucky man for having been married to Clarice. He assures he evolved in that relationship. That started listening to her musics. that entered into Clarice’s world without any fear, and there, he was happy. There is no repression, no hurt. There is only a real notion of what love is and what life can do with it. 
It's worth reading.
love,
C.


photos: Facebook (Gregorio Duvivier official page; Clarice Falcão official page); ticketline.pt

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