Dois anos de Bia | Two years of Bia
Monday, September 12, 2016
Setembro de 2014 foi um mês do caraças. É que se há alturas na vida em que parece que não acontece nada, depois há outras em que parece que o universo faz questão de nos oferecer tudo, todas as mudanças, todas as emoções, todos os acontecimentos.
Em 2014 a minha vida mudou. No início do mês pedi uns dias de férias no trabalho e corri para Vila Real para junto da família. A minha irmã, grávida de quarenta semanas, tinha sido internada no Porto para preparar o parto da bebé que estava prestes a nascer e a arrebatar os corações de uma família ansiosa. Foram dias complicados. O parto não aconteceu no dia 11 como esperado e os médicos acabaram por decidir não esperar mais e fazer nascer a bebé no dia 12 de setembro. Eu ia assistir ao parto, acompanhar a minha irmã neste momento. E estava decidida até ao momento em que os médicos optaram por fazer uma cesariana, à qual já não pude assistir.
Assim foi. Depois de longas horas de espera, com a família toda sentada no corredor do hospital, a Beatriz nasceu. Lembro-me da voz da enfermeira no corredor: “A mãe ainda está a recuperar da anestesia mas a bebé está ali. Um a um podem vir vê-la”. Primeiro, foi o pai. Depois a avó e o avô. Depois, finalmente, fui eu. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. As lágrimas caiam-me descontroladamente pela cara enquanto observava a bebé mais bonita do mundo de olho arregalado.
Não vivo e nunca vivi perto da Beatriz. De Lisboa a Vila Real são mais de 400 km que cumpri religiosamente uma vez por mês (ou mais!) para ver crescer a Beatriz. Fiz o que pude e o que a distância permitiu. Cheguei em madrugadas de sexta-feira e fui a casa da minha irmã só para a ver ainda que estivesse a dormir. Apareci ao sábado de manhã bem cedo para a ver acordar e a ver no estado mais bem-disposto possível.
Dei-lhe banho e só saí de casa da minha irmã quando ela já dormia. Deixei-a enrolar o meu cabelo até se cansar. Ofereci-lhe peixinhos, pu-la a correr, a saltar, a gritar, a cantar. Dei-lhe queijo, mais queijo do que a minha irmã queria que eu desse. Mas quem é que resiste a uma bebé que pede “queixe” como quem pede chocolate? Vi-a a fazer xixi pelas pernas abaixo numa tentativa falhada de a fazer desabituar das fraldas. Agarrei-a nesse estado quando ela me saltou para o colo assustada com o que tinha feito e dei-lhe banho no bidé. Dei-lhe banho de mangueira e, com o tio J, fizemos dos alguidares da avó piscinas. Dei-lhe os primeiros lápis de cor. E a primeira tela. E ela deu-me tanto!
Hoje é dia 12 de setembro de 2016 e passam já dois anos desde que a bebé mais bonita do mundo tomou conta de mim. Estou tão longe. Não posso brincar com ela, pegá-la ao colo, dar-lhe os beijos que ela não quer (porque, qual é o bebé que gosta de beijo sem ser os da mãe ou do pai?), apertar com ela, vê-la dar valentes gargalhadas e ouvi-la a gritar “COCÓ!” de cada vez que solta uma bufa. Não posso nada disto. Por outro lado, consola-me saber que é minha independentemente da distância ou das voltas que o mundo possa dar. Porque há laços que não se quebram e o amor é um sentimento com capacidades incríveis, que se transforma, se adapta e resiste, e resiste.
Parabéns minha Bia, parabéns mamã, parabéns papa. O meu coração está aí.
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September 2014 was a hell of a month. In some moments of our lives, nothing important happens but, there are other times when it seems like universe decided to give us everything, all the changes, all the emotions, all the important happenings.
My life changed in 2014. At the begging of the month I asked for a few days out of the office and ran to Vila Real to my family. My sister, 40 weeks pregnant, had been hospitalized at Porto to prepare everything for the baby birth. Ohhh, those had been busy days. Birth didn’t happened at September 11 has they had predicted and doctors decided not to wait and bring that baby out at September 12. I was going to support my sister at the big moment but doctors decided to do a caesarean.
And so it was. After long hours waiting, with all the family sat on the hospital floor, baby Beatriz born. I remember the voice of the nurse telling: “Mumy is still recovering from anesthesia but the baby is over there. One after another, you can come and see her”. First, the father. Then, grandmother and grandfather and then… me. It was one of the most emotional moments of my hole life. Tears fell wildly of my eyes while I watched the most beautiful baby in the world.
I don’t live and I had never lived close to Beatriz. From Lisbon to Vila Real is more than 400 km which I ran once a month (or more) to see that baby growing. I did what I could and what distance allowed me to do. I arrived at Fridays in the middle of the night and went to my sister’s house just to see Beatriz sleeping. I appeared at Saturday morning to see her waking up laughing and singing. I bathed her and only left my sister’s house when she was already sleeping. I let her curl my hair until she get tired of it. I offered her fishes, made her run, jump, scream and sing. I gave her cheese, more than my sister would like me to give her. But, no one can resist a little baby asking for cheese like asking for chocolate. I saw her peeing and wetting her legs while she was trying to leave the diapers. I hugged her when she jumped into my lap, scared, and gave her bath in the bidet. I gave her bath with a hose and, with uncle J, and together we made pools from the grandmother’s bowls. I gave her her first painting pencils. And the first screen. And she, she gave me so much.
Today is September 12 of 216 and two years have passed since the pettiest baby in the world took care of my heart. I’m so far away. I can’t play with her, put her in my lap and give her the kisses she doesn’t want (after all, who’s the baby that really likes kisses?), squeeze her, watch her laugh and screaming ‘POOP’ every time she farts. I can’t do anything of that. But, in the other hand, I know that, no matter how distant I am, she is mine. Some ties can’t be broken and love is a feeling with incredible capacities.
Happy birthday to my Bia, her mummy and daddy. My heart is with you all.
love,
C.
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